domingo, 2 de março de 2008

É tempo de Amadurecer!


.... A julgar pelo tempo, já devieis ser mestres! Contudo ainda necessitais que vos ensinem os primeiros rudimentos da palavra de Deus, e vos tornastes tais, que precisais de leite em vez de alimento sólido! Ora, quem se alimenta de leite não é capaz de compreender uma doutrina profunda, porque é ainda criança. Mas o alimento sólido é para os adultos, para aqueles que a experiência já exercitou na distinção do bem e do mal. (Hb 5, 12-14)

Ao ler esta palavra me deparei com o Deus da verdade, que revela toda a verdade, do caminho daquele que abraça a fé em Cristo Jesus.
O amor do Pai, conduziu Jesus no caminho da maturidade da fé. Logo após o encontro de José e Maria com Jesus no templo, onde Ele diz "Não sabieis que preciso ocupar-me das coisas de meu Pai", a palavra nos diz: Crescia em sabedoria e graça diante de Deus e dos homens.
O itinerário de amor do Pai pelo seu filho Jesus que o fazia crescer no amadurecimento humano e espiritual, até a morte de sí mesmo, é nosso também. Aquele que se torna filho é conduzido pelo Pai pelo mesmo caminho do Filho.
No amadurecimento humano: É preciso motivar, em nossas comunidades, o sair das atitudes de infantilidades e aceitar crescer. Como Jesus teve que enfrentar os desafios de não ser compreendido, não ser amado por todos, de não possuir o que deseja, de esperar o tempo próprio, de ouvir discussões de seus apóstolos, questionamentos dos escribas e fariseus. Ele teve que acolher, de maneira crescente, os desafios que exigem o esforço do corpo: acordar cedo, caminhar embaixo do sol, da chuva, dormir mais tarde, rezar diariamente, cumprir as tarefas do dia... O esforço de amadurecer exige querer crescer. Como Jesus poderia entregar seu corpo na cruz se antes não tivesse experimentado a entrega do corpo na sua missão diária? Como poderia ter chegado a estatura do homem maduro se antes não tivesse morrido muitas vezes para sua vontade própria, deixando emergir o mais essencial que o Pai tinhacolocado Nele: O Faça-se a Tua vontade?Em sua história desde bebê, no Egito precisou viver foragido, com um povo estrangeiro, alimentação de todo o tipo, e em meio aos pagãos sustentar sua fé. Em Nazaré entre os parentes, ouvindo e presenciando os sofrimentos da espera "Deus nos enviará o Salvador", aprendendo o valor da amizade, a dignidade do trabalho que dá bons frutos e nos obriga a vencer o cansaço.Na Sua humanidade, o Pai lhe oportuniza a estrutura equilibrada de uma criança que se tornava, no dia a dia, um homem feito.
Este é o desejo do Pai para nós seus filhos, fazer em nossas comunidades homens e mulheres adultos em nossa humanidade, livres de toda infantilidade, responsáveis pela nossas próprias decisões, pela nossa própria vocação, missão na Igreja e no mundo.
No amadurecimento na fé: O Pai nos leva a amadurecer na fé, pois precisa contar com seus amigos. Neste caminho de formação nos deparamos com nossos sentimentos de impotência. Deparamos com nossos desejos incontroláveis. Com nossa angustia que mais procura a nós mesmos do que uma angústia que O procure como nos sugere Santo Agostinho. O Pai toma a nossa mão e vai nos introduzindo no caminho da fé, assim como fez com Seu Filho, como também fez com Maria "Bem Aventurada és tu que crestes".
Jesus precisou também amadurecer na confiança do amor do Pai, reconhecer onde o Espírito soprava , para poder agir: Naquele cego que gritava , "Jesus Filho de Davi tem piedade de mim". Naquela mulher que o tocou e dele saiu uma força. Naquela resposta de Pedro que o convenceu "Bendito és tu Simão, pois não foi a carne nem o sangue que te revelou isto, mas meu Pai que está nos céus". Este também é nosso caminho na fé, na certeza de que o Espírito vai se manifestar, vai direcionar onde precisamos atuar, dentro de nós, ao nosso redor, em nossa missão e vocação. Abandonar-se a sua linguagem da espera ou da ação. "Ainda não chegou minha hora" ou " ..vamos a Jerusalém". É preciso escutar o Espírito que revela a vontade do Pai, e realiza-la mesmo quando ainda permanecem duvidas, porque pelos frutos O conheceremos. È preciso comer alimento sólido, sem centralizar o emocional, mas o espiritual.
Crer independentemente do prazer, da resolução dos problemas, do alívio do fardo.
Crer naquele que me conforta, me sustenta, que me ergue do chão.
Crer Naquele que está comigo faça chuva ou faça sol, porque coloca sobre mim, seu filho(a) toda Sua afeição.
Crer naquele que conhece tudo de mim por isto sabe como falar comigo.
Crer no que os meus olhos não vêem, mas se realiza na dimensão do mistério onde não alcanço por inteiro.
Crer a ponto de abandonar-se nas mortes pessoais para ressurgir na liberdade de Filho de Deus, pois não tem mais nada a perder porque está entregue em Suas mãos.


Gislaine T. Benedetti
Comunidade Oásis

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