Dom Redovino Rizzardo, cs-Bispo de Dourados/MS, escreveu um importante e oportuno artigo sobre o Big Brother Brasil, que tanto mal faz à nossa juventude e que tanto mau exemplo de comportamento lhe dá. Por isso o publicamos aqui em seguida:
Em sua origem, o Big Brother (Grande Irmão) é o personagem central do romance “1984″, publicado em 1948, pelo escritor inglês George Orwell. Preocupado com o totalitarismo soviético, Orwell imagina uma sociedade dominada por um ditador, que se autodenomina “Grande Irmão”. Nela, os cidadãos são permanentemente vigiados por câmeras instaladas em toda a parte, a começar de suas casas.
Certamente, o autor jamais teria imaginado que sua profecia se realizaria em regimes que se dizem democráticos. Apesar do anonimato que parece tomar conta da maioria das pessoas, na sociedade atual está ficando cada vez mais difícil se esconder. A multiplicação de hackers, satélites espiões, grampos telefônicos e câmeras fotográficas em locais até há pouco julgados impenetráveis, está provando o que todos já sabem: somos vigiados de todos os lados!
A Rede Globo afirma que o “Big Brother” apresenta “a vida como ela é” na realidade de cada dia, em cada ambiente, inclusive na família -, e não como imaginamos ou queremos que seja. Seus personagens estão dispostos a tudo pelo dinheiro e pela fama, como um deles se expressou há pouco tempo: «O público sabe que se trata de uma competição, e não há como tentar enganar. Lá dentro vale tudo. Só me arrependo do que não fiz».
«Lá dentro vale tudo», sem se importar se os valores humanos e cristãos acabam na lixeira e a sociedade termina num suicídio coletivo. Para reforçar a dose, alguns meios de comunicação incentivam a degradação com títulos provocantes: «Big Brother faz festa erótica com dança do poste e muita bebida». «Participantes fazem sexo no Big Brother norte-americano». «Big Brother testa fidelidade e hormônios de Rafinha para levantar ibope».
A própria participação que é solicitada aos telespectadores desconhece e minimiza a moral e a ética. O que ela promove é uma inversão total dos valores.
Para a revista “Cidade Nova” (dezembro de 2007), o Big Brother apresenta e incentiva a vida como ela não é ou não deveria ser: «Chama a atenção o entusiasmo com que os competidores do Big Brother aceitam ser observados 24 horas por dia. É como se a vida deles tivesse necessidade de ser confirmada pela opinião pública. Toda vez que se abre a inscrição de novos candidatos para o programa, milhares de jovens se mobilizam.
O comportamento dos componentes do Big Brother e do público são expressões de imaturidade humana e não refletem o que o ser humano tem de melhor.
Todavia, isso não é tudo. O programa estimula a ilusão de entrar no mundo virtual da TV, onde tudo é fácil e permitido, e a felicidade depende de determinados produtos. Basta olhar a fisionomia dos atores nos anúncios publicitários. Será que pode existir um sonho melhor do que ganhar dinheiro e fama sem fazer nada?».
A imensa maioria da população brasileira tem uma existência dura, sofrida e trabalhosa, exatamente o contrário do que acontece no Big Brother.
Outro dado negativo incentivado pelo show é a concorrência acirrada - e quase sempre desleal - que extravasa nas atitudes dos participantes. Quem pode mais, chora menos! Se não elimino, sou eliminado! Infelizmente, nesse aspecto a Rede Globo revela de fato “a vida como ela é” sempre que o amor é substituído pelo egoísmo: o outro passa a ser visto como concorrente e rival, que precisa ser destruído para que eu possa vencer!
No espetáculo, o que parece imperar a velas soltas é o princípio maquiavélico de que o fim justifica os meios. O que importa é atingir o objetivo, mesmo que, para isso, tudo fique em segundo lugar, inclusive a respeito e a dignidade da pessoa humana. Se assim for, a Rede Globo tem razão: o Big Brother é a cara de um Brasil sem princípios, sem valores e sem rumo e, por isso mesmo, malandro, corrupto e violento - o oposto da pátria que desejamos e ajudamos a construir se… ficarmos longe de shows tão malfadados!
No Big Brother, o participante vira espetáculo, uma espécie de marionete obrigada a satisfazer as necessidades da emissora (inclusive financeiras) e dos telespectadores. Assim - conclui “Cidade Nova” - «o programa sacrifica o que o ser humano tem de melhor: a capacidade de estabelecer relações verdadeiras, baseadas na gratuidade e na sinceridade».
Fonte: Diocese de Dourados/MS
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