terça-feira, 7 de setembro de 2010

A Sabedoria Escondida em Todas as Coisas

“Quero recordar agora as obras do Senhor,
o que vi contarei.
Ele sondou as profundezas do abismo e do coração humano,
penetrou os seus segredos.
Porque o Altíssimo possui toda a ciência
e vê o sinal dos tempos.
Nenhum pensamento lhe escapa
e nenhuma palavra lhe é escondida.
Todas as coisas formam dupla, uma diante da outra
e Ele não fez nada incompleto...” 
(Eclo 42, 15.18.20.24)

Um dos males muito profundos do nosso tempo é a incapacidade de contemplar, de parar gratuitamente diante da vida, da criação, dos acontecimentos, só para dar uma espiadinha despretenciosa e procurar saborear um pouco o sentido da existência.
Nosso mundo tudo quanto toca deseja manipular, usar em favor do tempo, do lucro, da vantagem... Mas, assim, não se vê o essencial, perde-se o mais importante, torna-se míope para o fundamental.
Na sua simplicidade, o Autor sagrado olha a criação; olha-a contemplando-a, como uma criança deslumbrada, deixando-se envolver e maravilhar pelo que contempla. Assim, em tudo reconhece a presença sábia, providente e amorosa do Senhor. Percebe que a realidade lhe escapa – e ainda hoje é assim: Tu, ó homem, não podes compreender de modo exaustivo o mistério da realidade, da vida, dos por quês da natureza e nem mesmo do teu coração... E quando nos colocamos de modo soberbo e pretensioso diante desses mistérios, eles se tornam opacos, nada nos revelam e provocam uma angústia sem fim, que nos faz sentir pequenos, vazios, jogados a toa, num mundo sem sentido. Ao invés, quando tomamos consciência que, no princípio de tudo e por trás de tudo há um Amor infinito, uma Sabedoria providente e amorosa, então tudo ganha novo sentido. Ainda que não compreendamos tantas coisas e não tenhamos a resposta exata para tantas perguntas, podemos, feito crianças, olhar para o Alto, para Aquele que habita nos céus, e exclamar com sabedoria de menino: “Eu não sei; mas, tu sabes! Eu não compreendo; mas, tu compreendes! Estou em tuas mãos benditas; tudo está em tuas santas e providentes mãos! Tu me amas; eu te amo! O teu Nome é Eternidade; o teu Nome é Amor!”

D. Henrique Soares da Costa

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