A adesão à pessoa de Jesus Cristo é o centro da mensagem do Reino de Deus. Mas será que esta adesão se dá de imediato pelo batismo? Num primeiro momento, podemos afirmar que não. Como Israel, no Antigo Testamento, as pessoas, primeiramente, são chamadas para ouvir a Palavra de Deus. Esta nos apresenta uma proposta de vida em Deus. A aceitação de Jesus implica na adesão a sua mensagem, a seu modo de viver e amar. O batismo é o segundo passo de quem aceita viver como discípulo do Senhor e é a entrada, propriamente dita, na vida cristã. No entanto, percebemos que, muitas pessoas, mesmo sendo já batizadas, vivem como se não fossem. A consciência disso nos leva a reconhecer que a nossa conversão começa agora e se aperfeiçoa a cada dia porque percebemos que ainda temos alguns pecados e imperfeições que precisam ser eliminados. A conversão é algo dinâmico, porque é fruto do amor.
Para aceitar totalmente a pessoa de Jesus Cristo, o cristão católico não precisa sair da Igreja e pedir “um novo batismo”, porque o que já fora recebido, o consagrou a Deus em Cristo Jesus. “Há um só Senhor, uma só fé, um só batismo”( Ef 4,5). A aspersão com água benta, no momento penitencial da missa, é justamente para nos recordar isso. Então o problema em questão não é aceitar Jesus, e sim compreender melhor em que consiste ser de Cristo.
Ser de Cristo é ter os mesmos sentimentos de Cristo, imagem visível de Deus e modelo perfeito do homem. È amar não segundo a lógica do “eu”, mas de Deus na pessoa de Jesus. “Amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei”(Jo 13, 34). É promover a vida, a justiça, a comunhão e o bom uso da liberdade. É convidar e proporcionar a relação de cidadãos do céu e não condenar ninguém ao inferno. É assumir, na comunidade cristã, um compromisso que favoreça a edificação da Igreja, enquanto corpo místico de Cristo.
Para participar do mistério do Corpo de Cristo, devemos morrer para o pecado e viver segundo a vontade do Filho de Deus que age tão somente no Espírito Santo e em conformidade com a vontade do Pai. Por isso, a necessidade de aceitá-lo não pode ser “da boca para fora”, mas do coração, isto é, amá-lo de tal modo que, por causa desse amor, a pessoa deve submeter-se a Ele na liberdade. “Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua vontade” (Lc 1, 38).
Não se julga uma conversão simplesmente pela afirmação “eu aceitei Jesus”, é necessário uma adesão total a pessoa dEle. Essa se manifesta não por palavras mas pelo testemunho de vida dentro da Igreja e na sociedade. “Nem todos que dizem ‘Senhor, Senhor’ entrará no Reino dos Céus, mas que põem em prática a Palavra de Deus”. Aceitação de Jesus consiste em se deixar modelar por Ele, no dia a dia da vida, superando os limites do homem velho e assumindo as virtudes própria do novo Adão, Cristo Jesus, crucificado e ressuscitado.
Pe Márcio Roberto
Pároco da Paróquia Nossa Senhora Rosa Mística
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