domingo, 17 de maio de 2009

Caminhamos na Luz do Senhor!


“Renova os sinais, Senhor, e repete as maravilhas!” (cf. Eclo 36,6).

Certamente, no profundo do nosso ser, este é o mais sincero desejo a nos inquietar e a nos despertar uma nostalgia de Deus e de suas maravilhas. Diante de um mundo tão necessitado de Deus e a buscá-lo nos fenômenos e nas vãs “manifestações de espiritualidades vazias”, nas filosofias e ideologias, temos como nunca, necessidade dos sinais de Deus e do seu poder criador. Muitos se perguntam: Por que não fazemos mais maravilhas aos olhos dos homens? Não seria esse o tempo favorável de Deus agir quando a descrença e a indiferença a seu respeito parecem ser a nova religião? Deus não deixou de amar o seu povo? Então, manifesta-te e renova os teus sinais, Senhor!

Parece que estamos como o Povo de Israel quando caía na desolação manifestavam a desesperança: “Por acaso o amor de Deus foi esgotado? Sua promessa, afinal, terá falhado? E concluíam amargamente: A mão de Deus não é a mesma: está mudada!” (cf. Sl 76, 2-11) Acontece que, para nós existe uma infinita diferença: Temos a Revelação de Deus em Cristo Jesus. Os olhos e o coração dos Judeus caminhavam olhando para a cortina de fumaça, para a chama de fogo ou ainda para os vãos sacrifícios de expiação, mas nós, no entanto, caminhamos à Luz do Senhor. Foi-nos manifestada a Salvação de Deus, escondida aos antepassados e revelados agora, neste tempo favorável para a nós. Deus nos falou por meio do Seu Filho (cf. Hb 1,1). Portanto, “não há motivos para que nós vivamos como os que não têm esperança” (cf. I Ts 4,13).

Uma importante reflexão: Será que o maior sinal dos nossos tempos não seria a fé? Por acaso nos parece fácil sustentar coerentemente uma fé autêntica e dar testemunho de Cristo em tempos como os nossos? Deus se encarnou, fez-se um de nós e, tornou-se maravilhosamente próximo, íntimo, amigo do homem na sua estrada que outrora, enquanto estava sozinho tinham o destino de Emaús, mas agora, inflamados pela sua palavra e pela Eucaristia, caminha para Jerusalém. O grande milagre da Encarnação do Verbo, por acaso, não continua a acontecer diariamente quando o sacerdote - mediante a ação do Espírito Santo - consagra o pão e o vinho e passa a ser o Corpo e o Sangue de Cristo, o mistério por excelência da fé? Não é, o Corpo e o Sangue do Senhor, no Santíssimo Sacramento do altar, a maior e mais fascinante maravilha que os nossos olhos podem contemplar nesta vida? Sim, claro que é! Então, Senhor, arranca-nos de toda cegueira do coração, da alma e dos olhos, e continua a renovar os teus sinais no meio de nós!

Interrogo-me: Não será um grande sinal do amor de Deus, da sua manifestação maravilhosa o fato de podermos ir até o sacerdote, tantas vezes com uma vida completamente destruída pelo pecado, mas o arrependimento - que já é uma ação da graça de Deus - nos levou para os pés do sacerdote e, ao confessarmos sinceramente os nossos pecados fomos regenerados, salvos de nós mesmos, dos nossos pecados que leva à morte definitiva e de toda arrogância da auto-suficiência? Senhor, este sinal, eu e um número incalculável de filhos e filhas tuas, experimentamos sempre, por isso muito obrigado! Quão grande obra maravilhosa aos nossos olhos é o milagre da vida da Igreja. Na sua missão corajosa e nos passos do Cordeiro, continua sua missão de ser Sacramento Universal da Salvação. Sem a maternidade, o cuidado, o amor, as correções e alegrias que vivemos na Igreja a através dela, o mundo não seria mundo, a humanidade não teria uma face, um rosto humano, uma identidade e uma vocação.

Mas Deus não deixou de agir! Podemos confiar que Deus não adormeceu no seu cuidado providencial e na condução da sua obra, como não abandonou sua herança para que ela caminhe às apalpadelas. “Faz parte da fé cristã a certeza de que Deus nunca abandona a humanidade e de que, por essa razão, ela também nunca pode se tornar um fracasso total (…) a fé dá alegria e posse do que esperamos. A fé nos dá a certeza de que existe o grande Amor, portanto, sou alguém indefectivamente amado” (Bento XVI, O Sal da terra). Também é possível olharmos para as nossas vidas e contemplarmos a mão amorosa de Deus, sua ternura e sua misericórdia, mesmo quando o mal, o sofrimento e a dor cruzam as nossas vidas. Quão chocante testemunho do que a graça é capaz de realizar quando encontra espaço no coração e na alma, podemos contemplar no testemunho de vida e conversão da Santa africana Josefina Bakhita (cf. Bento XVI, Spe Salvi).

Peçamos o milagre dos olhos do coração, mas também dos nossos olhos físicos e rezemos com o Salmista: “Olhai, Senhor, meu Deus, e respondei-me! Não deixeis que se apague a luz dos olhos” (Sl 12,4). Diante de tudo isso nós continuamos a te pedir, Senhor, não por dúvida ou falta de fé, mas para que a fé dos cambaleantes seja encorajada: Renova os teus sinais e repete as tuas maravilhas! Manifesta-te na vida da tua Igreja, na vida de cada batizado e no meio da humanidade, especialmente no coração e aos olhos de tantas vidas obscurecidas pelas trevas! Nós caminhamos à Tua luz, Senhor, eis a grande diferença!Assim seja!

Antonio Marcos
Consagrado na Comunidade de Vida Shalom

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