Um casal se apresentou ao pároco para pedir o batismo do filhinho. O padre os acolheu muito bem e perguntou o nome que dariam à criança. A mulher respondeu que sobre isso eles ainda não tinham chegado a um consenso. Pior, estavam brigando. Ambos queriam colocar o nome do próprio pai. O padre quis ajudar e perguntou à senhora, qual o nome do seu pai?
- Antônio - respondeu ela.
- E o nome do seu? - indagou o padre olhando para o marido.
- Antônio – respondeu ele.
- então, qual é o problema?- sorriu o pároco.
- É que o meu pai – disparou a mulher
– foi um homem bom e respeitado, era professor, mas o pai dele foi um cafajeste, que aprontou a vida toda. Eu não queria que meu filho levasse o nome de gente que não presta.
- O padre ficou sem saber o que fazer. Enfim, teve uma idéia e falou:
- Bom vocês vão chamar a criança de Antônio, depois, quando ela crescer, vocês saberão se pegou o nome do professor ou do cafajeste.
É uma historinha bem conhecida. Cansei de contá-la nos encontros de pais e padrinhos, sobretudo quando os pais aparecem com uns nomes que se é difícil de pronunciar, imaginem como deve ser complicado escrevê-los. Logo a criança ganha um apelido, mais fácil. Na Bíblia o nome correspondia à vocação. No nome já estava embutida a missão que a pessoa devia cumprir. Hoje fica difícil. Muitos acompanham as modas do momento, outros querem ser tão criativos que acabam inventando nomes sem graça. Mas o padre da historinha tinha razão. Vamos deixar as crianças crescerem e vamos ver o que vai dar. Qualquer nome serve para fazer o bem e ser uma pessoa honesta, como qualquer nome serve para criar problemas. Assim, também na hora do batismo, pouco adiantaria caprichar no nome, se depois os pais não cuidassem bem da educação da criança. Nome de santo, ou de santa, não garante um bom cristão, ou uma boa cristã. Nome estrambólico também não é sinônimo de bandidagem. Mais do que brigar sobre o nome, os pais, os avós e toda a família, deveriam discutir o que irão ensinar àquela criança. Deveriam preocupar-se com o exemplo que ela irá receber naquela casa. Hoje não estamos com falta de nomes, estamos com falta de pais que abram às crianças o caminho da bondade e da fé. Muitos pais se esgotam para facilitar a vida aos seus filhos. Arrumam tudo o necessário e até o que não serve, abarrotando a casa de mil coisas. Querem resolver todos os problemas dos filhos para que não sofram. Assim a criança cresce sem aprender a lutar e a conquistar o que vale a pena: as amizades, o saber, o encantamento da descoberta das próprias capacidades. Em lugar de educar adultos autônomos, educamos seres dependentes e inseguros. Pior ainda, a criança é batizada, mas ninguém mais a ajuda a entender o seu batismo. Decora orações, mas não sabe por que e a quem reza. Deve obedecer direitinho, imaginando Deus mais como uma câmera escondida, que filma tudo, do que como um pai amoroso e exigente, conhecedor da potencialidade de amor de cada um. Para Jesus, na beira do Rio Jordão, o Pai declarou: “Este é o meu Filho amado, no qual eu pus o meu agrado”. A cada criança que nasce Deus Pai também declara que é um filho amado. Naquele Filho o Pai colocou o seu agrado para fazer saber que, para Ele, não existe nenhum filho mal-amado.
Aprender a sermos irmãos entre nós é o mínimo que podemos fazer para corresponder a esse amor. É que muitos ainda não sabem disso. Outros esqueceram. Outros jogaram fora o seu batismo.
Os batizados mais adultos deveriam ajudar os batizados mais crianças a tomar consciência do agrado divino, a agradecer por esse amor, a viver e a transmitir tamanha alegria. Cristãos adultos e crianças, não pela idade, mas pela fé e o compromisso. Se o queremos, nunca é tarde para crescer.
Dom Pedro Conti Bispo de Macapá (AP)
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